sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Metro : sexta.28.dezembro.2007


Jennifer Gentle: The Midnight Room
"Twin
Ghosts"
"Mercury Blood"
"Come Closer"



Cat Po
wer: "(I Can't Get No) Satisfaction" [The Covers Record, 2000]


Jukebox
[22 Jan 2008]
"Song to Bo
bby"
"Blue"






Mount Eerie
: Mount Eerie Pts. 6 & 7
"Unknown
World"





Simone White: I Am The Man
"Mary Ja
ne"
"We Used To Stand Tall"




por
Pedro Arinto e Inês Patrão

domingo, 23 de dezembro de 2007

2007 em listas

Goste-se ou não, elas andam por aí. Listas de críticos, fãs, bloggers, de melhores e piores nas mais variadas categorias. Como andámos um ano inteiro a escolher discos novos para trazer ao programa, parece-nos interessante (ou divertido, depende da lista e da perspectiva) deixar por aqui algumas listas de "melhores álbuns do ano" de alguns dos sites que mais consultamos na nossa saga constante em busca do álbum perfeito. Como em tudo, sabemos que não existe, mas é o gozo pela partilha das melhores descobertas que nos motiva, semana após semana, a fazer o Metro. Cliquem no nome do site para aceder à(s) respectiva(s) lista(s). E divirtam-se!


Pitchfork
Continua a
ser um site de referência para quem procura críticas a discos novos e notícias do dito universo musical alternativo. E não, não concordamos sempre com eles. E nem sempre são tão alternativos quanto isso. Fazem também listas individuais dos críticos do site e das melhores 100 músicas do ano.


Stereogum
Um blog dedicado a novidades, disponibilizam mp3 e vídeos quase diariamente. Organizaram e ofereceram para download este ano duas compilações de versões: OK X: A Tribute to OK Computer (dos Radiohead; agora apenas para ouvir no site) e Drive XV: A Tribute to
Automatic For the People (dos R.E.M., ainda disponível para download). A lista de discos do ano (entre outras categorias) é feita pelos leitores, sob a forma de uma cerimónia de prémios virtual: os Gummy Awards.

eMusic
A maior loja digital dedicada à música independente. Os colaboradores gerem um blog (17 Dots) dedicado ao espírito da (re)descoberta da música. Fizeram uma panóplia de listas: discos do ano pelos críticos dos EUA (e pelos do Reino Unido), lista dos utilizadores da loja Americana e dos da Europa; melhores reedições do ano; 12 melhores singles de música de dança.


Drowned In Sound
Outro site no
género do Pitchfork. Inlcui listas pessoais de temas do ano e o top 25 dos leitores.



AllMusic
Uma base de dados importante (ainda que longe de completa) de artistas dos ma
is variados géneros musicais. Discos do ano e está feita a lista.


Para quem se quiser rir com a batalha das listas, também se encontra muita discussão tão inútil quanto divertida:

iTunes proves people really are as tasteless as you think they are
2007 showdown: iTunes vs eMusic

iTunes vs eMusic: the singles
Pitchfork Feature: The 20 Worst Album Covers of 2007

E para o ano há mais!

O Stereogum não se inibe de colocar desde já a carroça à frente dos bois e adianta uma previsão para 2008...


Radiohead... on the radio!

A primeira entrevista em rádio (para a BBC 6 Music) após o lançamento de In Rainbows. Conduzida pelo mítico Steve Lamacq (fã da banda assumido), em estúdio à conversa com Thom Yorke e Ed O'Brien. Para ouvir em stream.



aqui

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Metro : sexta.21.dezembro.2007



Xiu Xiu: Women as Lovers (29 Jan, 2008)
"I Do What I Want When I Want"
(download mp3)






Skallander
: Skallander (2007)
"Dismemberment"

"Future Life"






Meredith Bragg: Silver
Sonya (2007)
"My Absent Will"
"Silver Sonya"
download mp3: "Twin Arrows"





Tiny Vipers: Hands Across the Void (2007)
"On This Side" (download mp3)

"Aron"






Mensagem de Natal por:
Sufjan Stevens

"We Wish You a Merry Christmas"
download mp3: "That Was the Worst Christmas Ever!"




por Pedro Arinto e Inês Patrão

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Metro : sexta.14.dezembro.2007


Wildbirds & Peacedrums: Heartcore
"Pony"
"I Can't Tell In His Eyes"
"The Battle In Water"
"Nakina"
"We Hold Each Other Song"


David Thomas Broughton: It's In There Somewhere...
"Circle Is Never Complete"
"Interlude 1"
"I Don't Want To Believe You"
"Why Are You Not There?"
"So Much Sin To Forgive"




Devend
ra Banhart: Smokey Rolls Down Thunder Canyon
"Bad Girl"




viagem solitária conduzida por inês patrão

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Do the monkey (for the last time)!

Metro a apanhar as sobras da aventura Gorillaz, colheita Demon Days - última edição para a banda virtual que mais discos vendeu, depois do há muito anunciado finale.
Chega-nos assim D-Sides, compilação em duas rodelas, uma de lados B, a segunda de remisturas por gente como os Soulwax, DFA, Hot Chip e mais alguns amigos famosos.
Encerra desta forma o mais bem sucedido - e um dos mais conseguidos - projecto paralelo de Damon Albarn, o camaleão do século XXI. Outros desvios de personalidade Blur originaram Mali Music ou The Good The Bad & The Queen. Descansa Bowie, o trono está bem entregue...

Segunda carruagem a transportar War stories, o terceiro LP de James Lavelle, o U.N.K.L.E. mais famoso da pop das últimas duas décadas. Ainda com a voz de Richard File e o habitual desfile de convidados (desta vez passam por aqui Autolux, Josh Homme (bis), Ian Astbury ou Robert "3D" Del Naja), traz-nos um disco onde as guitarras têm mais peso, cortesia da produção de Chris Goss, um stoner de coração (Masters of Reality, Kyuss, QOTSA).

Pelo meio mais uma paragem pelo novo single de VV e Hotel, ms. & mr The Kills, a antecipar o aguardado regresso em 2008. Midnight Boom explode em Fevereiro.

Segue o mapa de mais uma viagem:

Gorillaz - D-Sides (Virgin, 2007)
68 State
Rockit
Highway (under construction)
Stop the dams

The Kills - U.R.A. Fever

U.N.K.L.E. - War stories (Surrender All, 2007)
Chemistry
Hold my hand
Twilight (ft. 3D)

João Terêncio e João Alexandre

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Metro : sexta.7.dezembro.2007



Goldmund: Two Point Discrimination
"Leading"

"To"




Chris Garneau: C-Sides EP
"Love Zombies"
"Runt"

"Christmas Song"
"Island Song"



Rickie Lee Jones: The Sermon on Exposition Boulevard
"Lamp o
f the Body"
"Where I Like It Best"
"Donkey Ride"



Winte
r Family: Winter Family
"Auschwitz
" (cd1)
"So Soon
" (cd1)




por inês patrão

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Metro : quarta.5.dezembro.2007

Pale Young Gentlemen: Pale Young Gentlemen
"Clap Your Hands"
"Me & Nikolai"
"My Light, Maria"



The Octopus Project: Hello, Avalanche
"Snow Tip Cap Mountain"
"Truck" [download mp3]
"Black Blizzard/Red Umbrella"
"Mmaj"

"I Saw the Bright Shinies" [download mp3]
mais mp3 : aqui


Uma banda que edita por uma editora chamada Peek-a-Boo Records merece pelo menos uma audição de um disco. Gostamos de descobrir bandas assim (até porque geralmente acertamos): o nome da editora é "castiço", as capas dos discos são "deliciosas" e o site oficial vende pins e peluches desenhados por membros da banda. Depois lemos comentários assim...

"Like a lot of their 21st-century American contemporaries, The Octopus Project compensate for the inherent tiredness of the indie and electropop genres by infusing them with a giddy abundance of energy, with everyone playing frantically like the janitor’s about to pull the plug on them." [David Stubbs, eMusic]

...e não é preciso mais para lhes darmos uma oportunidade. Vale a pena descobrir a música (e podem começar já pelo novo álbum) e visitar o site oficial (para descobrir outras coisas e sacar mp3). Diz que ao vivo também são muito bons :)


A propósito da passagem destas meninas por Portugal...




Au Revoir Simone: The Bird of Music

"Night Majestic"






Já tínhamos
avisado que estes não eram concertos vulgares. São Take-Away Shows da Blogothèque!

Emissão entusiasticamente partilhada por Carla Lopes e Inês Patrão

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Not there?

Aqui fica a estreia da equipa do Metro de 3ª feira no blog e a promessa de, a partir de agora - Sam the Kid dixit - poderem encontrar informações mais regulares relativas a esta paragem, até à data ausente na web, mas não no éter.

Alinhamento da última 3ª feira

Yacht - I saw you (Worried Noodles)

I'm Not There OST (Todd Haynes)
Karen O & the Million Dollar Bashers - Highway 61 revisited
Cat Power - Stuck inside Mobile with the Memphis blues again
Yo La Tengo - Fourth time around

Vera November (Verity Susman das Electrelane) - Jive (myspace)
Daft Punk - Brainwasher Da Funk (Alive 2007)
Munch Munch - Squirrel (Worried Noodles)


Já agora ficam também alguns dos discos que têm sido alvo de destaque no início de cada semana, sem ordem cronológica ou de mérito. Para que não se esqueça não só quem ouve mas também que (não?) escreve.

Battles - Tonto+ (Ep)
Holy Fuck - Holy Fuck
Vários - Worried Noodles
Black Lips - Good bad not evil

Thurston Mooore - Trees outside the academy
Yeah Yeah Yeahs - Is is (Ep)
The Coathangers - The Coathangers
Prinzhorn Dance School - Prinzhorn Dance School

A Place to Bury Strangers - A Place to Bury Strangers
Magik Markers - Boss
The Raveonettes - Lust lust lust
The Go Team! - Proof of youth

Gravenhurst - The western lands
No Age - Weirdo rippers
Tiny Masters of Today - Bang bang boom cake
Map of Africa - Map of Africa

Radiohead - In rainbows
The Ponys - Turn the lights out
Shocking Pinks - Shocking Pinks
ESG - A south Bronx story, vol.2

Queens of The Stone Age - Era vulgaris
Von Südenfed - Tromatic reflexxions
White Stripes - Icky thump


Emanuel Botelho e João Terêncio

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Metro : sexta.30.Novembro.2007

Bon Iver: Form Emma, Forever Ago
"For Emma"

o álbum inteiro em stream: aqui
download mp3: "Skinny Love"
edição oficial pela Jagjugwar a 19.Fev.2008




Efterklang: Parade
s
"Mirador"
"Him Poe Poe"
"Caravan"



Goldmund: Two Point Discrimination

"From"

"Light"
download mp3: "Leading"
download mp3: "one."




Winter Family
: Winter Family

"Salted Slug"
"Garden"




por Pedro Arinto e Inês Patrão

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Un soir Boulevard Voltaire

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Mais do que um álbum, Favourite songs é um roteiro. Um mapa traçado pela mão de Vincent Delerm, que nos reconduz ao passado da chanson, confrontando esse distante legado com os trabalhos de alguns dos seus contemporâneos. No palco do La Cigale de Paris, não se cruzam apenas nomes ou referências; nele o próprio tempo descreve uma curva, dando lugar à partilha e à memória.



Memória essa que remonta aos anos 60, implícita na presença em palco de Georges Moustaki, autor, compositor e intérprete, hoje nos últimos anos da sua vida. Uma recordação distante de alguém que se fez acompanhar por Edith Piaf, e que até aos dias de hoje não mais parou de escrever e de compor. Nesta mesma noite, Georges Moustaki haveria de regressar ao palco para um tributo final do público parisiense, interpretando, ainda na companhia de Delerm, As águas de Março, num português agradavelmente imperceptível.



Num banco de jardim reúnem-se então a Delerm duas figuras. A de um renovado Renaud, nome maior da chanson na década de 70, hoje a promover o seu mais recente álbum editado pela Tôt ou Tard, pela qual assina também Delerm, e a figura de Bénabar, seguramente um dos responsáveis pelo revivalismo da obra de Brel, em França. O tema, da autoria de Renaud, chama-se Cent ans, e claro está, apresenta-nos uma personagem envelhecida, que de um banco de jardim lamenta a vida que se esgota ao ritmo de cada folha que cai. À semelhança de Godinho, também ele se rodeou de músicos jovens, assumindo desta forma um natural upgrade nas estruturas e nos arranjos dos seus temas. De uma escrita bastante cínica e interpretação expressiva, Renaud assiste hoje à sua redescoberta por um público francês mais jovem e entusiasta.



Pisam de seguida o palco Alain Chamfort e Cali. Segue-se então a revisita a Rose Kennedy, álbum maior da chanson actual, primeiro trabalho de Benjamin Biolay, em palco pela primeira vez, na companhia do outro nome que com ele ombreia, numa prolífera criação músical que nos tem oferecido, em tão poucos anos, faixas como Les cerfs volants. Cruzam-se as duas vozes mais emblemáticas da sua geração. E por momentos esquecemos outros trabalhos como Négatif, Home e Trash yé yé, face à injustiça de escolher apenas uma faixa da vasta obra de Biolay.

Love is a traveller on the river of no return...




E após o reencontro com a actriz Irène Jacob, chega um verdadeiro actor, autor e performer, de seu nome Phillipe Katerine. Segurando um frango cuidadosamente depenado, cozinhado e etiquetado, chama a si a interpretação exclusiva de Poulet nº 728120, uma ironia tremenda ao frio consumismo do nosso tempo, no qual alguém estranhamente se apaixona por um frango que lhe é vendido numa grande superfície, um frango indiferenciado, apenas um número entre tantos outros.

Mais tarde, entra em palco a única voz não francófona. Do alto do seu metro e sessenta, Neil Hannon (ou melhor, Nil Hánon) denuncia a sua extrema dificuldade em cantar em francês. Curiosamente, o poema que ambos interpretam, intitulado Favourite song, prende-se exactamente com tudo o que se perde na tradução, tornando ainda mais embaraçosos os repetidos erros de Neil Hannon, que não se coíbe a por várias vezes se lamentar com um muito britânico: Shit!



J'ai ecouté toute ce chanson française
Mais je ne savais pas ce qu'est une Javanaise
Un Poinçonneur de lilas... Ça veux dire quoi?

Studied the booklet in search for a song
Made up a meaning for every line
A four letter word... L.O.V.E.

Une poupée de cire... Qu'es-ce que ça voulait dire?



Muitos outros nomes passam pelo palco do La Cigalle de Paris (Mathieu Boogaerts, Helena Noguerra, Franck Monnet, Jeanne Cherhal e Albin de la Simone), mas é o final da noite que encerra o momento mais vibrante deste álbum. Nele toda a dimensão cinematográfica das composições de Delerm é revista, ao ser convocada a figura de Alain Souchon para juntos interpretarem Y a d'la rumba dans l'air. Este último, um dos nomes maiores da música francesa, dividiu sempre este percurso com o cinema, tendo sido o responsável pela música de filmes de François Truffaut, e protagonizado mesmo algumas personagens, como em L'amour en fuite. A influência de Alain Souchon na obra de Delerm é inegável, sendo que as composições deste último são também elas uma porta de entrada para a descoberta de Alain Souchon.

Ao longo de todo o álbum, porém, um nome permanece em palco. Ao seu piano, rodeado do genial trompetista Ibrahim Maalouf, de um grande percussionista chamado Nicolas Mathuriau, e de outros músicos de assinalável engenho, Vincent Delerm prova hoje ser um nome aglutinador e determinante para a música francesa. Um nome que certamente daqui a muitos anos pertencerá à memória colectiva de todo um público francófono, que o tributará novamente no La Cigalle.


Metro realizado por Pedro Sousa e Carla Lopes



sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Metro : sexta.16.novembro.2007

Devendra Banhart: Smokey Rolls Down Thunder Canyon
"Cristobal (with Gael García Bernal)"
"Rosa (with Rodrigo Amarante)"
"My Dearest Friend"
download mp3: "Seahorse"



Grizzly Bear: Friend EP
"Plans (covered by Band of Horses)"
"He Hit Me"
download mp3: "Alligator (Choir Version)"





Sigur Rós: Hvarf-Heim
"Hljómalind"
(do EP Hvarf)





Sigur Rós: Hvarf-Heim
"Vaka"
(do EP Heim)



por Inês Patrão e João Terêncio

[este programa repete Qua.21.Nov: 7h]

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

I was born a world ago

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Todas as noites, a cidade de Los Angeles acolhe uma diversidade de músicos que procuram ver o seu trabalho reconhecido pelo exigente público californiano. Seja no palco do mítico Troubador, ou na mais anónima das salas, qualquer singer songwriter pretende, acima de tudo, que as suas composições possam transportar algo que lhes confira um traço diferenciado, a sua própria marca d'água. Daí que quando se tem uma voz que se confunde de imediato com nomes como Rufus Wainwright ou Richard Swift. Quando uma primeira faixa antecipa desde logo a nostalgia latente que percorre uma outra LA, perdida nos tempos. Quando tudo isto é assumido pelo seu autor, então deparamo-nos com mais um lugar comum. Daí que a única fuga resida na escrita e na qualidade da sua interpretação. Componentes estas determinantes em Catch the brass ring, primeiro longa duração do ainda praticamente desconhecido Ferraby Lionheart.



A primeira faixa do álbum, Un ballo della Luna, parece ter sido gravada para um velho transistor da década de 30, através do qual a voz de Ferraby persegue alguns acordes que se repetem ao longo de pouco mais de um minuto e meio. Trata-se seguramente de um dos mais inspirados intros para um álbum desta natureza, não só pela beleza e simplicidade que encerra, mas também pela convocação de um imaginário de storytelling, comum a todas as faixas. É desta forma que em Vermont Avenue acompanhamos o dia de um trovador urbano que, numa esquina da velha LA, ainda escolhe viver o romantismo das poucas moedas que caem aos seus pés (We don't have a dime between us / We can make a meal of dust / Everybody works someday / But we'll beg and borrow...).



É pois uma cidade esquecida aquela que Ferraby canta ao longo de Catch the brass ring. A LA glamorosa da década de 40, de Harry Nilson e Judy Garland, de um pôr do sol dourado reflectido nos seus passeios. Uma cidade que consegue recuperar em faixas como The car maker, construída sobre elegantes arranjos que escondem a frustração de uma personagem que procura uma fuga da dependência em que vive, de um emprego que lhe garante a subsistência mas não a sua realização pessoal. É pois uma cidade de contradições a que Ferraby Lionheart canta em Catch the brass ring, na qual as suas personagens ora caminham por um lamento bucólico e distante, ora acordam para um optimismo que procuram agarrar entre as mãos (You can be high / You can be low / Under a tree, over the world / I still believe there's time to live before we're dead...).



Nas últimas semanas este rapaz não tem saído do meu moderno transistor. A Carla acha que alguém que se chama Ferraby Lionheart só poderia fazer algo de muito bom. Eu concordo com ela. The boy's starshaped.



Autoria de Pedro Sousa e Carla Lopes

sábado, 10 de novembro de 2007

Annie one i love



St. Vincent Marry me


Sobre a Annie Clark desejo apenas escrever algo frágil. Algo que resgate esta Marry me da penumbra daquele quarto parisiense no qual se esconde. Que reponha entre a pontuação os seus silêncios. Encerrando em cada palavra o despojamento que encontramos na sua voz. Perpetuando na escrita cada acorde. Cada pormenor que faz dela uma habitual e nocturna companhia. De corpo frágil. Guitarra desalinhada. Algo que me denuncie.



St. Vincent Paris is burning

While Jesus is saving i'm spending all my days, in backgrounds and landscapes with the languages of saints. While people are spending like toys in Christmas Day, and inside a still life with the other absentee. You go my love, the stage is waiting. Be the one to save my saving grace.

Pedro Sousa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

De uma miserável ausência por que passámos

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O jornalista britânico Jon Savage afirma que a dinâmica da chamada música independente obedece a um movimento pendular entre os dois lados do Atlântico. Daí que a deriva yankee que marcou as últimas duas edições do Metro venha denunciar, mais uma vez, de que lado encontramos esse pêndulo. De tal forma que têm sido escassas as oportunidades de deixarmos o vasto território norte americano, tal a consecutiva emergência de nomes na área da indie pop e da indie folk...



Os quarteirões nova iorquinos que assistiram à Grande Depressão de 1929 são os mesmos que acolhem nos dias de hoje uma das mais contagiantes bandas desta cidade. Quarteto fundado por Ezra Koenig, os Vampire Weekend procuram fugir à habitual estética rock da maioria dos nomes oriundos da big apple. Ao contrário dos Interpol, The Strokes e de tantos outros, cujo imaginário nos transporta para o interior do CBGB na ida década de 70, este projecto (à semelhança dos Bishop Allen) convoca as raízes multiculturais de uma cidade que hoje se exprime numa diversidade de idiomas. As suas coordenadas encontramo-las nos álbuns de David Byrne e de Paul Simon, e na contínua utilização que estes dois autores fizeram de elementos africanos, tendo esse legado sido recuperado por Ezra Koenig. Em faixas como Cape Cod kwassa kwassa e One, a secção rítmica demarca-os dos seus pares, remetendo-nos para o afrobeat ou para os territórios de Graceland. Em The kids don't stand a chance, cumpre-se a síntese perfeita entre a elegante chamber pop de Stephen Merritt ou Neil Hannon e aquelas paragens mais remotas.



Quando instado pela imprensa norte americana a catalogar a sonoridade dos Vampire Weekend, Ezra socorre-se muitas vezes da etiqueta Upper West Side Soweto, na qual convergem dois bairros tão distantes na sua geografia como na sua natureza social. Esta aparente contradição funde-se ao longo da dezena de faixas que constitui este primeiro trabalho, e em particular na lírica de temas como Cape Cod kwassa kwassa («As a young girl / Louis Vouitton / With your mother on a summer lawn / As a sophomore / reggaeton...») que nos fazem redescobrir, vinte anos depois, as fronteiras de Graceland...



E se em apartamentos do campus universitário de Columbia se escuta avidamente Fela Kuti ou David Byrne, já em outra parte desta cidade, seguramente bem mais fria, um desconhecido a quem chamam apenas Brent, descreve em despojadas composições, instrumentais ou pontuadas por vocalizações frágeis e sumidas, o momento em que acordamos, abrimos os olhos, e obrigamos o nosso corpo a um primeiro movimento. É desta forma que as descreve, sob a assinatura Shh...This is a library. Como que se tratasse de um mero suspiro que pretende ser escutado apenas por alguns. Talvez os mesmos que adquiriram as 50 cópias deste primeiro trabalho. Cada uma delas ostentando uma diferente ilustração. Todas elas gravadas num four tracker. No quarto de Brent. Trazem consigo também uma saqueta de chá, para saborearmos a sua audição. Consegue-se estar mais próximo de quem nos escuta?

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Esta proximidade entre o remetente e o destinatário é uma das maiores forças da etiqueta indie. O despojamento, por vezes técnico, e a imediata identificação com o autor por parte do seu público devem muito ao realismo que subsiste na sua escrita e numa certa atitude de desassombro que é transversal a quase todos estes nomes. O facto de muitos partilharem a música com uma actividade profissional ou universitária confere aos seus trabalhos um carácter mundano e um realismo que se encontra latente em pequenas composições de pouco mais de três minutos.



Este é o caso de Alex Church, que acaba de editar Leaves in the river, o seu primeiro trabalho a solo após um período passado no colectivo Irving, projecto oriundo de LA do qual, ao longo do último ano, já emergiram dois nomes: Alex Church enquanto Sea Wolf e Shana Levy sob a assinatura Let's Go Sailing. Após as expectativas criadas com a edição do EP Get to the river before it runs too low, há muito que em vários blogs eram deixadas algumas pistas do que poderia incorporar este primeiro longa duração de Sea Wolf. O resultado traz-nos faixas como Middle distance runner, composição cuidada em que a interpretação de Alex nos remete para o imaginário de Sea change, ou Black leaf falls na qual o despojamento próprio da folk descobre a escrita de Alex Church. Esta aparece como uma marca singular do seu trabalho, não só por lhe imprimir um registo de storytelling, como também por conter um tom dramático e negro pontuado por arranjos de cordas, convocando o legado de Automatic for the people.



E é ainda desta mesma California que destacamos mais um projecto. Chamam-se Davyd Nereo e Ayla Nereo e apresentam-se como Beatbeat Whisper. Oriundos de Oakland, percorrem os caminhos do bluegrass e da indie folk, tendo ao longo do último ano gravado um conjunto de faixas num estúdio improvisado em sua casa. O álbum, edição de autor, chegou em já em 2007, podendo ser adquirido através do seu site ou myspace. Ao longo destes meses os Beatbeat Whisper têm assistido ao crescimento da sua base de fãs, potenciada por críticas favoráveis que podemos encontrar em inúmeros blogs e revistas da especialidade. As suas melodias chegam-nos frágeis através da voz de Ayla, entrelaçada numa teia de acordes, xilofones e banjos, em que cada verso parece-nos marcado por uma pastoral e doce melancolia...

Autoria de Pedro Sousa e Carla Lopes

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Delta Charlie Delta

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Torna-se um pouco redutor pensar em Les chansons d'amour como apenas mais um filme. Para além dele persistem as composições de Alex Beaupain. E um actor maior chamado Louis Garrel.






Pedro

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Metro : sexta.26.outubro.2007

Phosphorescent: Pride

"A Picture of Our Torn Up Praise"
(download mp3)
"Wolves"
(download mp3)


mp3 do álbum Aw Come Aw Wry (2005)
"I Am a Full Grown Man (I Will Lay In the Grass All Day)"
"Joe Tex, These Taming Blues"

críticas
Dead Oceans (editora)
Pitchfork

Stereogum

Radiohead: In Rainbows
"Reckone
r"
"Videotape"


críticas
dos fãs
do site Pitchfork
do site Stereogum

a teoria dos zeros e uns à volta do último álbum dos Radiohead




Ell
iott Smith: New Moon
"Miss Misery (early version)"






vídeo: "Miss Misery" (Good Will Hunting Soundtrack, 1997)

outros vídeos

a mítica actuação nos Oscars
"Miss Misery" versão acústica na MTV

notícias
Elliott Smith no novo filme de Gus Van Sant: Paranoid Park (site oficial)
Elliott Smith nos livros:
"The Anti-Matter Anthology: a 1990's Post-Punk & Hardcore Reader"
"Elliott Smith", pela fotógrafa Autumn de Wilde, prefácio por Beck Hansen e Chris Walla
















Elliott Smith
6 Agosto 1969 - 21 Outubro 2003

XO

[photo by Autumn de Wilde]

realização e locução alargada por Inês Patrão e Pedro Arinto

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Gloria Esperanza Montoya

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Quando, ao longo de um álbum, as suas faixas nos surgem dispersas e estanques, desprovidas de um fio condutor que as entrelace, esse trabalho poderá nos surgir como menor. É certo que a fórmula não garante uma prevalência de uns sobre os outros, mas qualquer álbum conceptual envolve uma componente muito apelativa: a sua lírica. Aqui, o autor ganha uma dimensão de narrador, rascunhando um roteiro que teima em cumprir ao longo de uma dúzia de faixas, partindo de conceitos tão inusitados como cores (Whirlwind Heat Do rabbits wonder?), signos (Sufjan Stevens The year of), as 24 horas de um dia (The Divine Comedy Promenade) ou mesmo um próprio fio ou marca que percorre todas as composições (Camille Le fil). A definição de limites prévios por parte do autor assemelha-se bastante ao escritor que escreve uma short story, tendo de guiar as suas personagens através de um percurso demarcado na sua extensão, condensando a narrativa em cada momento.



Mas uma maior dimensão ganha um álbum conceptual quando a narrativa que o alimenta é actual e verdadeira. Este é o caso de Glory Hope Mountain, o segundo exercício dos The Acorn, projecto oriundo de Ottawa, Ontario, através do qual Rolf Klausener narra a epopeia da sua mãe Gloria Esperanza Montoya, desde os tempos quando ainda jovem era forçada a trabalhar nos campos das Honduras, até à sua fuga para o Canadá, e à forma heróica como resistiu até encontrar a estabilidade.

Ao longo de doze faixas seguimos um relato de alguém que procurou sobreviver, focando cada uma das letras uma das questões mais prementes e actuais deste milénio: os fluxos migratórios e a incapacidade de, por vezes, os países de acolhimento lhes darem uma resposta.



Esta viagem é pontuada pelas influências do próprio Rolf Klausener, pelo que encontramos uma forte influência da música tradicional hondurenha e incursões por sonoridades africanas, designadamente do Mali, país no qual Rolf passou algum tempo da sua vida. Porém não se trata de um registo de world music cantado em inglês, mas sim um trabalho onde se sobrepõem hemisférios, e no qual a sedentária fórmula da indie pop/folk norte americana é enriquecida pelo passado do seu autor.

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Metro este remetido ao continente americano, passando novamente por Austin, desta vez destacando o projecto Peter & The Wolf. O seu mais recente trabalho, The Ivori Palms, demonstra mais uma vez a efervescência criativa daquela cidade no panorama actual da indie folk. De lá têm saído alguns dos mais aliciantes trabalhos destes últimos anos, fenómeno que de resto já teve um particular tratamento em passadas edições do Metro. Desta vez Red Hunter rodeia-se de alguns nomes que partilham consigo o mesmo imaginário, como Dana Falconberry e Bill Baird, compondo um trabalho nocturno, descritivo e muito intimista, pontuado por composições de uma beleza latente. Trata-se acima de tudo da confirmação deste rapaz como um dos nomes a ter em conta no território da indie folk.



The Acorn Glory hope mountain (Paper Bag Records; 2007)

01. flood pt. 1
02. crooked legs
03. low gravity
04. even while you're sleeping
05. oh Napoleaon

Peter & The Wolf The ivori palms (S/r; 2007)

01. scarlet & grey
02. the bike of Jonas
03. ghost sandals
04. the beggar's waltz

Metro realizado por Pedro Sousa e Carla Lopes