O percurso de Benjamin Biolay tem sido marcado por uma difícil relação com a imprensa francesa e com os seus pares. Quando em 2001 surgiu, desde logo um horizonte auspicioso lhe foi traçado, por aqueles com quem tinha trabalhado na altura, e pelos que nele adivinhavam um novo Gainsbourg. Co-responsável pelo ressurgimento de Henri Salvador, compôs também vários temas para a sua companheira à altura, Keren Ann Ziedel (temas esses a serem encontrados em La biographie de Luka Phillipsen).
À conta do seu primeiro trabalho, Rose Kennedy, a chanson française, adormecida numa estética perdida nos anos 60, reencontrava finalmente um seu intérprete. A poesia latente em cada um dos seus temas remetia-nos para as décadas douradas da Côte d'Azur. Ao longo de todo o álbum, a sua voz intimista era interrompida por diálogos, feitos de samples cinematográficos, assim como de recursos jazzísticos, aos quais não seria estranho o passado adolescente de Biolay. Tratava-se de um álbum elegante e revivalista, dominado por um tímido rapaz de Lyon.
Com Négatif, Biolay viu o seu estatuto ser elevado de tal forma que qualquer comparação era agora colocada em perspectiva, não face aos seus pares, mas sim face às referências do passado. Através de um duplo álbum irrepreensível, apontava agora para o folk norte-americano, sem perder de vista uma simplicidade pop desarmante e a lúdica exploração de samples e de outros recursos electrónicos.
Ao longo das semanas em que trabalhou no seu duplo-álbum, compôs ainda para Juliette Gréco e Françoise Hardy. Assinou a banda sonora do filme Clara et moi, antecâmara de Négatif. Editou Home, gravado no estúdio de sua casa com a sua mais recente companheira, a actriz Chiara Mastroianni. Todos estes trabalhos foram recebidos com enorme entusiasmo, particularmente este último pela surpreendente participação da actriz.
Porém, a sua relação com a imprensa rapidamente ultrapassou este estado de graça, muito devido à personalidade forte de Biolay, pela sua frontalidade e avidez em disparar sobre quem menos lhe agradava, sobre os seus pares e todos aqueles que procuravam saber mais sobre a sua relação do que do seu trabalho.
Regressado em 2005 com o álbum À l'origine, demonstrou este sofrer de um claro momento de desinspiração. Trata-se de um trabalho caótico e de exageros. Mais pop que qualquer outro de Biolay. Excessivamente orquestrado. Perdido.
Tendo vendido apenas 50000 exemplares, eis o perfeito alibi para que a imprensa que o aclamou outrora, pudesse agora apontar-lhe a sua mira. Biolay, ele mesmo perdido numa ruptura pública com Chiara, deixou Paris, rumando até à cidade de Woodstock, NYC.
Ei-lo de volta com Trash yé yé. A recuperação do tempo perdido. Um longa duração onde reencontramos o Biolay promissor dos dois primeiros álbuns. Um trabalho transgressivo, como as suas letras, marcado pelo folk norte americano e despojado de quaisquer artifícios. O próprio Biolay assume toda a instrumentalizaão, e mais uma vez, a co-produção do mesmo.
A mesma imprensa que o exilou, não se coibe de, novamente, proclamar o seu inspirado regresso, encontrando em Biolay o seu parceiro para esta estranha dança, quando este não se coíbe também de, nas entrevistas que promovem este Trash yé yé, recorrer a um rol de termos menos agradáveis com que brinda jornalistas ou músicos como Bénabar e Zazie...
C'est du trash... yé yé!
Metro realizado por Pedro Sousa e Carla Lopes
À conta do seu primeiro trabalho, Rose Kennedy, a chanson française, adormecida numa estética perdida nos anos 60, reencontrava finalmente um seu intérprete. A poesia latente em cada um dos seus temas remetia-nos para as décadas douradas da Côte d'Azur. Ao longo de todo o álbum, a sua voz intimista era interrompida por diálogos, feitos de samples cinematográficos, assim como de recursos jazzísticos, aos quais não seria estranho o passado adolescente de Biolay. Tratava-se de um álbum elegante e revivalista, dominado por um tímido rapaz de Lyon.
Com Négatif, Biolay viu o seu estatuto ser elevado de tal forma que qualquer comparação era agora colocada em perspectiva, não face aos seus pares, mas sim face às referências do passado. Através de um duplo álbum irrepreensível, apontava agora para o folk norte-americano, sem perder de vista uma simplicidade pop desarmante e a lúdica exploração de samples e de outros recursos electrónicos.
Ao longo das semanas em que trabalhou no seu duplo-álbum, compôs ainda para Juliette Gréco e Françoise Hardy. Assinou a banda sonora do filme Clara et moi, antecâmara de Négatif. Editou Home, gravado no estúdio de sua casa com a sua mais recente companheira, a actriz Chiara Mastroianni. Todos estes trabalhos foram recebidos com enorme entusiasmo, particularmente este último pela surpreendente participação da actriz.
Porém, a sua relação com a imprensa rapidamente ultrapassou este estado de graça, muito devido à personalidade forte de Biolay, pela sua frontalidade e avidez em disparar sobre quem menos lhe agradava, sobre os seus pares e todos aqueles que procuravam saber mais sobre a sua relação do que do seu trabalho.
Regressado em 2005 com o álbum À l'origine, demonstrou este sofrer de um claro momento de desinspiração. Trata-se de um trabalho caótico e de exageros. Mais pop que qualquer outro de Biolay. Excessivamente orquestrado. Perdido.
Tendo vendido apenas 50000 exemplares, eis o perfeito alibi para que a imprensa que o aclamou outrora, pudesse agora apontar-lhe a sua mira. Biolay, ele mesmo perdido numa ruptura pública com Chiara, deixou Paris, rumando até à cidade de Woodstock, NYC.
Ei-lo de volta com Trash yé yé. A recuperação do tempo perdido. Um longa duração onde reencontramos o Biolay promissor dos dois primeiros álbuns. Um trabalho transgressivo, como as suas letras, marcado pelo folk norte americano e despojado de quaisquer artifícios. O próprio Biolay assume toda a instrumentalizaão, e mais uma vez, a co-produção do mesmo.
A mesma imprensa que o exilou, não se coibe de, novamente, proclamar o seu inspirado regresso, encontrando em Biolay o seu parceiro para esta estranha dança, quando este não se coíbe também de, nas entrevistas que promovem este Trash yé yé, recorrer a um rol de termos menos agradáveis com que brinda jornalistas ou músicos como Bénabar e Zazie...
C'est du trash... yé yé!
Metro realizado por Pedro Sousa e Carla Lopes
1 comentário:
Para ser sincero aqui no Brasil só cheguei a conhecer Benjamin Biolay através de seu álbum "Origine", embora não seja o álbum de destaque dele, não deixa de ser bom...entretanto o Trash Yé Yé realmente superou expectativas, ficou bom demais, takvez ele deva continuar explorando este lado dele!
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