Austin welcomes you pilgrim!
Gotemburgo, Sheffield, Glasgow, Montreal, Portland, Austin... O fenómeno é recorrente. Encerra a geografia e as próprias circunstâncias do presente, demarcando o espaço físico de um rol de autores e, consequentemente, das suas criações. Estas passam a identificar-se com a cidade, absorvendo as suas características, entrelaçando-se com ela e projectando-a no imaginário de quem as escuta. Por isso, a Sheffield que conheço é industrial e proletária, cinzenta ao final do dia, de ruas estreitas e claustrofóbicas. É a cidade que Jarvis Cocker descreve. A mesma dos Futureheads e dos Field Music. Assim como Gotemburgo pertence a Jens Lekman. Glasgow a Stuart Murdoch ou Isobel Campbell. São eles que traçam o seu perímetro.
Este é também o caso de Austin. Que factor é este que potencia um tão efervescente ritmo criativo, nos domínios da indie folk e da indie rock? E o que coloca esta cidade à margem daquelas que partilham consigo um mesmo território, como Dallas, Houston ou San Antonio? Qualquer que tenha sido a raiz deste movimento, sem dúvida que o contacto próximo entre os vários projectos, e a sua propensão para se ramificarem, contribuiu para que o roteiro indie de Austin crescesse. Tomemos o exemplo de um projecto que já passou pelo Metro de Quarta-feira: os Voxtrot, liderados por Ramesh Srivastava, que assina todas as composições, abrindo assim o espaço necessário para que coexista a indie folk dos Sparrow House de Jared Van Fleet, guitarrista dos Voxtrot. Ou mesmo o caso dos Ola Podrida, projecto de indie folk de David Wingo que reúne alguns músicos de Austin, de entre os quais Andrew Kenny, baixista e força criativa dos American Analog Set. As colaborações multiplicam-se pela cidade, remetendo-nos para a prática da Elephant 6, colectivo de songwriters que em finais da década de 90 colaboravam entre si, da qual nasceram projectos como os Of Montreal, The Ladybug Transistor, The Essex Green ou Apples In Stereo.
Hoje, a lista de nomes que emergem de Austin é bastante numerosa e relevante, encontrando-se em constante actualização: aos já referidos Voxtrot, Sparrow House, Ola Podrida e American Analog Set, seguem-se Dana Falconberry, St. Vincent, Peter & The Wolf, Bill Baird, Brazos, The Black, Martin Crane, Tacks The Boy Disaster, The Early Tapes, Sound Team, Midlake, Jracula, The Octopus Project, ...And You Will Know Us By The Trail of Dead, Yellow Fever, Oh No! Oh My!...
Estes últimos mereceram o destaque na edição do Metro desta semana. Projecto formado por Greg Barkley, Daniel Hoxmeier e Joel Calvin, acabam de editar um EP intitulado Between the devil and the sea (saiu a 7 de Agosto pela Dim Mak Records). Após algum entusiasmo em redor do seu primeiro álbum homónimo, os Oh No! Oh My! decidiram contornar a crónica dificuldade do segundo longa-duração, apostando na gravação de algumas faixas que integrariam este EP. Deste modo conseguiram que este trabalho surgisse como uma extensão do álbum de 2006, e não como uma repetição da mesma fórmula. Nas cinco faixas que o compõe encontramos a mesma indie pop desconcertante que caracteriza esta banda, algo caótica nas suas estruturas e, por vezes, saudavelmente imatura. Os coros, deliciosos de tão infantis que são («uh! uh! hey hey! wher'dya go?»), sustentam contagiantes melodias, como é o caso de The party punch, nas quais os banjos, mandolins, palmas e teclados vintage se perdem no território folk do Midwest.
The Ghosts Blue birds blood (Stolen recordings ; 2007)
01. so so glad you came
02. love will come to town
03. go out in the streets
04. penny falls
05. Paris in the spring
Nick Drake
01. the thoughts of Mary Jane
Oh no! Oh my! Between the devil and the sea EP (Dim mak records; 2007)
01. oh be one
02. the party punch
03. the bike, sir!
04. i have no sister
05. a pirate's anthem
The Ghosts myspace
Oh no! Oh my! myspace
Para a semana voltamos com mais dois destaques.
Autoria de Pedro Sousa e Carla Lopes
Gotemburgo, Sheffield, Glasgow, Montreal, Portland, Austin... O fenómeno é recorrente. Encerra a geografia e as próprias circunstâncias do presente, demarcando o espaço físico de um rol de autores e, consequentemente, das suas criações. Estas passam a identificar-se com a cidade, absorvendo as suas características, entrelaçando-se com ela e projectando-a no imaginário de quem as escuta. Por isso, a Sheffield que conheço é industrial e proletária, cinzenta ao final do dia, de ruas estreitas e claustrofóbicas. É a cidade que Jarvis Cocker descreve. A mesma dos Futureheads e dos Field Music. Assim como Gotemburgo pertence a Jens Lekman. Glasgow a Stuart Murdoch ou Isobel Campbell. São eles que traçam o seu perímetro.
Este é também o caso de Austin. Que factor é este que potencia um tão efervescente ritmo criativo, nos domínios da indie folk e da indie rock? E o que coloca esta cidade à margem daquelas que partilham consigo um mesmo território, como Dallas, Houston ou San Antonio? Qualquer que tenha sido a raiz deste movimento, sem dúvida que o contacto próximo entre os vários projectos, e a sua propensão para se ramificarem, contribuiu para que o roteiro indie de Austin crescesse. Tomemos o exemplo de um projecto que já passou pelo Metro de Quarta-feira: os Voxtrot, liderados por Ramesh Srivastava, que assina todas as composições, abrindo assim o espaço necessário para que coexista a indie folk dos Sparrow House de Jared Van Fleet, guitarrista dos Voxtrot. Ou mesmo o caso dos Ola Podrida, projecto de indie folk de David Wingo que reúne alguns músicos de Austin, de entre os quais Andrew Kenny, baixista e força criativa dos American Analog Set. As colaborações multiplicam-se pela cidade, remetendo-nos para a prática da Elephant 6, colectivo de songwriters que em finais da década de 90 colaboravam entre si, da qual nasceram projectos como os Of Montreal, The Ladybug Transistor, The Essex Green ou Apples In Stereo.
Hoje, a lista de nomes que emergem de Austin é bastante numerosa e relevante, encontrando-se em constante actualização: aos já referidos Voxtrot, Sparrow House, Ola Podrida e American Analog Set, seguem-se Dana Falconberry, St. Vincent, Peter & The Wolf, Bill Baird, Brazos, The Black, Martin Crane, Tacks The Boy Disaster, The Early Tapes, Sound Team, Midlake, Jracula, The Octopus Project, ...And You Will Know Us By The Trail of Dead, Yellow Fever, Oh No! Oh My!...
Estes últimos mereceram o destaque na edição do Metro desta semana. Projecto formado por Greg Barkley, Daniel Hoxmeier e Joel Calvin, acabam de editar um EP intitulado Between the devil and the sea (saiu a 7 de Agosto pela Dim Mak Records). Após algum entusiasmo em redor do seu primeiro álbum homónimo, os Oh No! Oh My! decidiram contornar a crónica dificuldade do segundo longa-duração, apostando na gravação de algumas faixas que integrariam este EP. Deste modo conseguiram que este trabalho surgisse como uma extensão do álbum de 2006, e não como uma repetição da mesma fórmula. Nas cinco faixas que o compõe encontramos a mesma indie pop desconcertante que caracteriza esta banda, algo caótica nas suas estruturas e, por vezes, saudavelmente imatura. Os coros, deliciosos de tão infantis que são («uh! uh! hey hey! wher'dya go?»), sustentam contagiantes melodias, como é o caso de The party punch, nas quais os banjos, mandolins, palmas e teclados vintage se perdem no território folk do Midwest.
The Ghosts Blue birds blood (Stolen recordings ; 2007)
01. so so glad you came
02. love will come to town
03. go out in the streets
04. penny falls
05. Paris in the spring
Nick Drake
01. the thoughts of Mary Jane
Oh no! Oh my! Between the devil and the sea EP (Dim mak records; 2007)
01. oh be one
02. the party punch
03. the bike, sir!
04. i have no sister
05. a pirate's anthem
The Ghosts myspace
Oh no! Oh my! myspace
Para a semana voltamos com mais dois destaques.
Autoria de Pedro Sousa e Carla Lopes
1 comentário:
Assim é, outra assim.
Uma qualquer.
Concretamente para nada.
De supetão, apesar.
A conduta, apropriação.
Espiral, simulação.
Há muito que. Toque, muito, muito e o resto. Lânguido, arde, mói. Bolo de continuidade.
De caminho, em acumulação.
A reflexão da presença.
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