Os primeiros momentos de Devotion despertam-nos, ou não fosse Wedding bell uma faixa de rara beleza. A voz de Victoria Legrand surge-nos luminosa, marcada por uma dolente melancolia, por um etéreo afastamento, como que nos levando pela mão através de um salão de dança vazio, cujos limites se perdem de vista. A atmosfera dos Beach House é brumosa, fantasmagórica até, construindo todo um imaginário sobre as vocalizações de Victoria e linhas de sintetizadores de um passado distante. Tal como as Au revoir Simone, raramente recorrem a outros elementos que não aqueles que encontram num conjunto de teclas, com uma singular excepção no caso dos Beach House: a forma como Alex Scally pontua cada uma das composições com efeitos de guitarra. Devotion é um passo em frente, maturo e consequente, que encontra em faixas como D.A.R.L.I.N.G. ou Heart of chambers a expressão da elegância que perdura ao longo de todo o álbum.
Os The Ruby Suns são um projecto oriundo da Nova Zelândia. Este simples facto já lhes confere singularidade, mas se acrescentarmos que o seu principal compositor, um rapaz de nome Ryan McPhun, viveu até há bem pouco tempo na Califórnia, de onde partiu para uma viagem que o levou até Auckland, passando ainda pelo Quénia, então começamos a descortinar o melting pot que representa este projecto. Se quisermos, a passagem de Devotion para este Sea lion representa uma transferência de cores, o aparecimento do sol ditando a oclusão dos últimos dias de Inverno. Se a atmosfera dos Beach House era brumosa, a dos The Ruby Suns é efervescente e solar. O cruzamento constante de referências marca de forma determinante o sucesso deste segundo álbum, desde o manual pop que é Pet sounds, passando pelas tradições culturais quenianas até chegarmos ao imenso legado aborígene. Ryan canta em maori, em dialectos tribais quenianos, recorre às melodias que perduraram do primeiro álbum homónimo, e em Oh mojave ainda arrisca uma espécie de híbrido entre o flamenco e ritmos africanos. As fórmulas estão longe de ser simples, como se prova desde logo em Blue penguin, mas o resultado é solarengo e vibrante. Eis o segundo capítulo de Vampire weekend, à distância de um hemisfério.
Os The Ruby Suns são um projecto oriundo da Nova Zelândia. Este simples facto já lhes confere singularidade, mas se acrescentarmos que o seu principal compositor, um rapaz de nome Ryan McPhun, viveu até há bem pouco tempo na Califórnia, de onde partiu para uma viagem que o levou até Auckland, passando ainda pelo Quénia, então começamos a descortinar o melting pot que representa este projecto. Se quisermos, a passagem de Devotion para este Sea lion representa uma transferência de cores, o aparecimento do sol ditando a oclusão dos últimos dias de Inverno. Se a atmosfera dos Beach House era brumosa, a dos The Ruby Suns é efervescente e solar. O cruzamento constante de referências marca de forma determinante o sucesso deste segundo álbum, desde o manual pop que é Pet sounds, passando pelas tradições culturais quenianas até chegarmos ao imenso legado aborígene. Ryan canta em maori, em dialectos tribais quenianos, recorre às melodias que perduraram do primeiro álbum homónimo, e em Oh mojave ainda arrisca uma espécie de híbrido entre o flamenco e ritmos africanos. As fórmulas estão longe de ser simples, como se prova desde logo em Blue penguin, mas o resultado é solarengo e vibrante. Eis o segundo capítulo de Vampire weekend, à distância de um hemisfério.
Deataque ainda para mais dois nomes que marcaram as últimas duas edições do Metro de Quarta-feira: Marla Hansen e Fanfarlo. A primeira, com uma já longa carreira enquanto instrumentalista, tendo participado em trabalhos de Sufjan Stevens, The National ou The New Pornographers, sempre nessa qualidade, edita o seu primeiro EP a solo, intitulado Wedding day. Os segundos, oriundos de Londres, têm-se feito notar através das faixas que vão colocando no seu myspace e que têm gerado algum culto por parte de seguidores tão ilustres como David Bowie. Mais um nome para seguir com alguma atenção ao longo deste novo ano.
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